Dia 09/05/2011 iniciou o estágio. Minha ansiedade estava sendo diminuida, junto com o medo da realidade.
Alunos reais, que dificuldade! Não sei se o pior é estar lá, ou não estar. Só sei que foi maravilhoso. Perceber a importância da escola para a vida de cada aluno, de cada pessoa envolvida ali presente, foi gratificante e de super aprendizagem. O choque, claro, não poderia deixar de existir, mas, lendo um texto sobre "o choque com a realidade", entendi numa explicação de Veenman (1984) algumas categorias de manifestações que indicam este choque como normal de se acontecer ao estudante em período de estágio. Uma delas encaixou perfeitamente ao momento, a mudança de atitude, que retrata uma alteração no sistema de crença do professor, ou seja, se o professor segue uma linha de pensamento progressista, através do choque com a realidade, pode mudar para uma linha conservadora de seus métodos de ensino. Outra delas, das categorias que chamou minha atenção para o problema deste choque com a realidade ser realmente grave, é a do abandono da profissão, que muitas vezes ocorre pela decepção , desilução ou frustração de não poder mudar em nada, ou não ter como acrescentar em nada para o processo de ensino. O que para mim, não vem o caso, naquela primeira semana de estágio. Porém, a necessidade de um auxilio maior por parte dos professores em geral do curso de graduação em Pedagogia, por parte de didática, metodologias e práticas de ensino deveria ocorrer agora em conjunto, tipo uma disciplina interelacionada. Assim, ajudaria no suporte ao discente estagiário no enfrentamento deste choque com a realidade.
Digo, com pureza de meu pensamento, que naquele momento, naqueles primeiros dias, a escola, para mim, passou a ser vista com outro olhar. Com um olhar muito mais amplo daquilo que achava "fácil" de resolver: o problema com a educação. Percebi que o descaso por parte do governo que tanto reclamamos não é bobagem, que o desprezo por parte de algumas funcionários e professores pela profissão, também não é mera ocorrência, que a indisciplina dos alunos não se dá apenas no entorno familiar, muitos são os fatores que afetam o ensino. Um deles, o despreparo do profissional que gerencia todo este sistema. Na escola observei que realmente todos que lá se encontram estão envolvidos até certo ponto responsabilizados pelo sucesso da aprendizagem dos alunos, porém os cursos que são oferecidos, as reuniões para resolver problemas, ainda se mostram insuficientes quando o assunto chega ao lar de cada aluno. Não tem como a escola mudar uma "cultura familiar" já existente ha mais tempo que a da escola, o aluno já chega de casa para a escola com uma formação pessoal diferenciada, não podemos "interditar" este conhecimento prévio do aluno, sua experiência de vida, seus principios familiares. Porém, devemos passar para cada um, um modelo justo de sociedade, para que em casa, se for o caso, eles se mostrem como exemplo. Não digo aqui generalizando, porém citando alguns casos que lá vi.
No mais, o contato com a sala de aula, com os alunos foi muito bom, a troca de olhares, de conversas, de abraços, da afetividade em si, para mim, deu-me mais segurança em sala. Aproximou-me dos alunos, da professora e de minha companheira de estágio Elian. Os alunos estão na média de 09 anos de idade, o período em que a energia física está latente, o corre-corre, a brincadeira, a concentração (ou falta dela) está visível. Não sendo ruim isso, claro que não, é da idade, é da fase, porém observei que em muitos casos, não houve um entendimento da importância do aprendizado para a vida futura. Mas tentarei, junto com minha companheira de estágio, demonstrar a importância da escola na nossa vida.
São crianças carentes bem verdade, que muitas vezes não possuem o luxo de uma casa com separação de quartos, com uma escola bem equipada, mas lá, senti que cada uma é bem acolhida. Então o que fiz, adaptei-me para acolher também aquelas crianças, não me mostrando indiferente e sim, uma amiga que estava ali para ajudar no aprendizado e, não para punir nem para desvalorizar o que já sabiam e já haviam vivido.
Um beijo super!
Oi Taís,
ResponderExcluirFico feliz com o salto qualitativo da sua reflexão sobre o estágio. Você traz de forma fundamentada o processo formativo que está vivenciando, e consegue articular algumas discussões macro do curso com a esperiência formadora do estágio.